quarta-feira, 21 de março de 2012

Rio+20 terá que propor novos padrões de produção e consumo, avalia deputado

Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, a Conferência deve ir além da questão ambiental e avançar na direção de um modelo de economia verde.
Duas décadas após a realização da Rio 92, o Brasil voltará a receber, entre os dias 13 e 22 de junho, chefes de Estado, lideranças políticas e empresariais, cientistas e ambientalistas interessados em discutir novos rumos para o desenvolvimento do planeta. A cidade escolhida é a mesma, o Rio de Janeiro, mas este ano a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 - deverá ir além da questão ambiental, avançando na direção de um modelo de economia verde.
"A Rio 92 mudou uma série de concepções a respeito da saúde do planeta e provou, por exemplo, que as mudanças climáticas são um sério problema mundial", disse o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Sarney Filho (PV-MA). Entretanto, segundo ele, muito pouco tem sido feito para controlar ou reverter essa situação. "O atual modelo econômico está falido e ameaça não só a vida do homem, mas também a vida do planeta tal como a conhecemos."
Para Sarney Filho, que participou da Rio 92 como parlamentar, um dos principais desafios da conferência deste ano será produzir normas internacionais que sejam respeitadas e cumpridas por todos os países. "Só assim será possível promover alterações nos atuais padrões de produção e de consumo", disse. "Por isso entendo que a Rio+20 vai focar muito na economia verde e na redução da pobreza", completou.
O presidente da Câmara, Marco Maia, acredita que, ao reunir quase 200 chefes de Estado, a Rio+20 cria um espaço importante de debates sobre questões ambientais e, principalmente, sobre políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. "A Câmara está trabalhando, por meio de suas comissões, para auxiliar a atuação dos deputados na Rio+20", disse ele, destacando a criação de duas subcomissões para tratar exclusivamente de temas ligados à conferência.
Maia disse ainda que o fato de o Congresso estar discutindo atualmente mudanças no Código Florestal pode contribuir para os debates. "Será uma oportunidade para darmos nossa contribuição a partir de experiências com a produção de alimentos de qualidade e com ferramentas de proteção do meio ambiente", acrescentou.
Modelo de desenvolvimento - Segundo especialistas, não existe mais espaço para modelos de desenvolvimento que deixem de incluir na contabilidade empresarial a escassez de recursos naturais, as desigualdades sociais e outros fatores, como a poluição e o desmatamento. Após a Rio 92, que consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável, governos, empresas e organizações da sociedade civil já vêm dando os primeiros passos para estimular a proteção de ativos ambientais e sociais nas cadeias de negócios.
A conferência de 92, entre outros desdobramentos, deu origem a três convenções que tratam de biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas e também aprovou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), além de ter inspirado muitos países a instituírem legislações nacionais de proteção ambiental. Mas, para muitos, o principal documento produzido foi o Agenda 21, em referência ao compromisso de cada um dos 179 países participantes com a adoção de métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica no século 21.
Apesar das metas propostas e de alguns avanços, para o professor de Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB), Genebaldo Dias, a aplicação prática do conceito de desenvolvimento sustentável continua sendo uma utopia desejada. "Se pegarmos a questão do clima, a única maneira de promover o desenvolvimento sustentável é reduzindo o consumo, o que em uma sociedade extremamente consumista é o mesmo que pedir a alguém para não respirar", disse Dias.
Na opinião do professor, a única saída viável é concentrar esforços na gestão de conflitos. "Muitos países desenvolvidos já lidam hoje com conflitos por água, alimento, energia e até por espaço", disse. Ele acredita que para atender a um aumento populacional mundial de cerca de 75 milhões de pessoas ao ano, o mundo deve repensar alguns hábitos da vida moderna.
(Agência Câmara)

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