quarta-feira, 18 de abril de 2012

A indústria na Rio+20, artigo de Monica Messenberg

Monica Messenberg é diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Artigo publicado no jornal O Globo de hoje (4).
Conferências internacionais, como a Rio+20, costumam ser palco para manifestações de todo tipo - inclusive as mais extremas. Muitas delas, por seu caráter irreverente, acabam ganhando holofotes. Entretanto, essa é uma oportunidade ímpar para uma discussão madura baseada em evidências e com foco no futuro.
 
É nesse contexto que a indústria brasileira está pronta a dar sua contribuição, participando do debate de forma transparente a partir de conceitos que vêm sendo amadurecidos, ainda que de modo heterogêneo, no âmbito dos seus setores produtivos ao longo dos últimos anos.
 
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) pautou sua participação na conferência a partir de uma mobilização inédita de 16 associações industriais, que reúnem alguns dos segmentos mais representativos da economia brasileira.
 
Cada um deles produziu um documento sobre a sustentabilidade do seu setor sob a perspectiva de gargalos, conquistas e desafios. Com base nisso, chegaremos à Rio+20 com um documento unificado. Embora o processo esteja em andamento, é possível antecipar alguns cenários: os avanços não são homogêneos já que os setores avançaram de forma bastante diversa entre si.
 
Outro aspecto relevante é o reconhecimento de todos os setores da Indústria brasileira sobre a relevância da sustentabilidade como fator preponderante para o sucesso do negócio. Não se trata de lidar com a sustentabilidade como discurso, mas de tê-la no desenvolvimento de qualquer plano de negócios como base de sobrevivência para a competitividade no mercado nacional e internacional.
 
Entretanto, para que a sustentabilidade seja vista como um fator que impulsiona negócios, e não apenas como custo, é preciso que o Brasil avance em alguns aspectos. Um dos principais é a regulação.
 
Muitos setores ainda se ressentem de insegurança jurídica na questão ambiental, o que é um empecilho aos investimentos e mesmo à criação de cadeias produtivas articuladas, que são uma saída para setores que, em razão da própria natureza do seu negócio, são menos sustentáveis do que outros. A partir dessa articulação entre cadeias é possível reduzir impactos negativos e tornar esses segmentos - vitais para a economia - mais competitivos.
 
Negócios sustentáveis são, portanto, melhores negócios. Por sua natureza de inovação, dão início a ciclos virtuosos: criam oportunidades, estimulam parcerias público-privadas (PPPs) de apoio à pesquisa, geram os chamados empregos verdes (técnicos em reflorestamento, especialistas em equipamentos de energia limpa, só para citar alguns exemplos). Empregos esses que, por sua vez, alavancam demandas por mais e melhor formação profissional, abrindo mercado de trabalho principalmente para os jovens.
 
Portanto, a Rio+20 deve ser um espaço de discussão para aprimorar propostas factíveis de como tornar a sustentabilidade um novo paradigma de desenvolvimento. Deve ser um espaço para que nos comprometamos com meios que estimulem essas propostas, para que governos assegurem ambientes férteis e livres para os negócios sustentáveis, para que a sociedade civil ajude a formular mecanismos claros de acompanhamento e aprimoramento desses negócios.
 
Assim, todos poderão fazer escolhas melhores e mais sustentáveis para nós, nossos filhos e nosso planeta.

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